quinta-feira, 29 de março de 2012

Para as águas do Rio: indo para voltar

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De repente, subo até ti. Quero ficar perto de tua paisagem tão paradoxal: és areia e pássaros. E és tiros e morte. Ainda que sejas todo esse engodo de cores quentes, és cinzas desmaiados misturados com sangue; e ainda que - quando queres- sejas tão estúpido com tua gente, tão gritante! Ainda assim, derretidamente não deixarei de encontrar o que um dia já encontrei em tuas fontes. Preciso de água. E sobrevoarei entre prédios e redondezas, num piscar de olhos.

Descerei em teus morros, teus barulhos de cachoeiras. Estou indo te encontrar, Rio, porque meu vento me consola, mas preciso ao menos hoje, ao menos nesse instante, do teu cheiro de areia macia, teu sol em minha melanina. Calor por poucas horas. Gávea, Tijuca, Fonte da Saudade. Preciso de tua noite com sorrisos. Quero essa música calma que me faz fechar os olhos. Dançar ao teu passo, somente essa vez.

Me deixa dançar em ti, Rio. Me lava, me tira do gelo que criei em mim mesma. Me dá o sol de manhã para que eu possa merecer o vento quando voltar, tão breve, mais uma vez. E assim, recomeçar.




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