segunda-feira, 26 de março de 2012

É pelo vão dos momentos de solidão

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Prestigio aqui dois poemas de Marilia Kosby, antropóloga que conheci em entrevista no meu programa, através da Radiocom.

Escolhidos a dedo, dois poemas que, de alguma maneira, penetraram em mim, especialmente no dia de hoje. Um de boas-vindas. Outro de despedida.


Alecrim

Sei lá eu
se pitangueira tem flor!
Venho tentando rimar
pasto com teus olhos
Como se fossem eles
o motivo de eu ficar aqui imaginando
as palavras na tua língua

Essa tapera que eu era
Aquela geada que eu velava
meio-dia adentro
Era tudo.
Eu tava virada
no que me faltava

Quando tu chegaste
batendo palmas no temporal
só dei pelo que não tinhas
A cor, o perfume,
o calor
as décadas

Das tuas posses
me permites o que desejas perder.
Mas o que mais tu tens
- que essa luz continua acesa?

Sopra nos meus quatro cantos
uma cançãozinha
de lá de onde eu venho:
"Alecrim
Alecrim dourado
Que nasceu no mato
Sem ser semeado"
.


Lugar comum

Por essa porta
que bateste ao ir embora
Pelas linhas tortas
que traçaste ao te perderes

É pelo vão dos momentos de solidão
que eu entro na tua vida
Com a impressão de que estou saindo.

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