sábado, 25 de fevereiro de 2012

Naquela mesa - (Sobre viver vivendo)

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A música é uma das sensações que mais sinto. Pela poesia que me envolve. Pelo som que entra dentro do meu corpo como uma catarse cirúrgica. Pelo clamor que há. Pelo seu próprio silêncio, talvez.

Existem algumas que me marcam de forma peculiar. “Naquela mesa” é uma delas. Na década de 70, o compositor e jornalista Sérgio Bittencourt a escreveu em homenagem ao seu pai, o compositor de choro Jacob do Bandolim, que tinha falecido em uma sexta-feira de agosto. Anos depois, seu filho faleceu “do coração”, como o próprio pai. Mas sua canção segue até hoje e é um hino de saudade àqueles que são como pedaços de nós.

Cada vez que ouço, mesmo não tendo passado pela mesma experiência, sinto um misto de lembrança e refrigério. Dor, frenesi e vontade de continuar vivendo. Porque meu encantamento é no quanto a vida é um sonho. Um sonho diário que deve me causar espanto. Uma surpresa excitante. Por ter valor.

Nada morreu para mim ou dentro de mim. Eu só estou sentindo que o coração batendo/o pulso pulsando- ao lado do amor - é o dom mais precioso que eu poderia ter. E que estando perto ou longe, tendo vida ou tendo morte, seja o que for e venha o que vier, importa é que cada amanhecer seja aproveitado como se a noite não fosse chegar.

Quero estar perto de quem amo enquanto é tempo. E em fora de tempo, vou me lembrar que vivi sentindo a vida. Independente do próximo sol aparecer.


2 comentários:

Juliano disse...

tua força vai trazer toda a saúde devolta! beijos com admiraçao

Ediane Oliveira disse...

Muito obrigada, companheiro! Um beijo.