segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

No meu filme

No meu filme, pés descalços pisam e passam sobre pedras na margem do rio. Escravos em fuga. Aparece, em plano aberto, cascatas e um grupo de capitães-do-mato...
É um filme sobre liberdade, coragem e sonhos. Acho que o roteiro vai ficar bacana.

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No meu filme não terá romance, mas o amor se manifestará de várias outras formas... Porque vai cortar em 1840 e cair no agoraqui, neste exato espaço-tempo, não mais Vila, nem São Francisco de Paula... Pelotas.
E a escravidão não é mais laboral... é do consumo, é do medo, é da entropia que encolhe a vida e torna a moldura dos fatos, um fator impenetrável, é da submissão e da cultura de massa. É o tempo em que se escolhe ser escravo, a Era do escravo-livre... Mas não existem questionamentos... Tudo é o que exatamente é... Ainda mais no meu filme... No meu filme, milagres acontecem. E sonhos se realizam.

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O meu filme tem gente boa. Um pessoal que se comunica em sorriso e arte. E se encontram, materializando utopias, encontrando espaços para manifestações. O meu filme acontece agora, embaixo dos meus pés... é quase um filme ao vivo, e eu o protagonizo, e este fato é importante de lembrar.
E nele cada segundo é um take, infinitamente posterior ao outro, até o ápice de minha relativa eternidade. E no meu filme aparecem universidades envoltas num mesmo processo, existe uma comunidade sedenta de si, um apoio público e um pessoal que trabalha sério e arduamente para dar presente às outras pessoas.

É tipo uma máfia... só que uma máfia do bem, entende? E ela se fortalece a cada instante, essa tal máfia... e tem várias variáveis de finais legais...
mas eu nem quero ainda pensar em finais.

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No meu filme tem escravo homenageado para resgatar outros tantos e a moral vai ser para que nunca deixemos os sonhos à deriva. Que nunca sejamos escravos... e que façamos o bem. Acho que é por aí, como a vida que co-crio, cheia de cenas belas, vistas de dentro da cara...
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Porque viver é estar constantemente em cena.


[Em homenagem a Manuel Padeiro - D.K.]

Um comentário:

Manoel Magalhães disse...

Que maravilha de texto! Solta fagulhas luminosas, inquietando. Parabéns!